(...) como um eco no
vazio que não se esvai... Uma história que é tramada mas que não se pode ter
clareza dos fatos, do ritmo e do rumo. Há somente um ruído, uma nuance de matiz
que não se apaga, que se mantém acesa durante o curso do dia, não se dilui,
vira memória. reticênciasentreparênteses
é uma obra que provoca, que inspira, que nos joga em um cenário tecido de
palavras e figuras que dialogam, que se confundem, que se confrontam... O texto
instiga para a imagem, a imagem instiga para se revelar. Há um suspense que
paira no ar no intervalo entre a poesia e a voz, que paira entre alguma
história e suas inquietudes.
Em
reticênciasentreparêntese, o estado
das coisas se torna duvidoso. Às vezes tudo parece tão estável, tão palpável,
mas aí, de repente, a palavra se torna fluída, envolta em indagações (seria
possível tocar o invisível? [...] Talvez.). O jogo de luz e sombra engana os
olhos. A palavra pode ter em sua geometria a matéria, mas seu conteúdo é tantas
vezes sombrio, suspenso em um infinito. Nada acaba e nada começa, porque tudo é
uma continuação, uma constante... ....entretanto, é uma constante que se transforma,
se reinventa, se reconhece.
O
cotidiano, as ruas, a eletricidade, o metal, as lâmpadas... o concreto se faz presente
e se mistura às paisagens interiores: as indagações, a ansiedade, passagens de
tempo, repetições, esperanças. Leonardo MAthias nos transporta para esse espaço
através das suas construções inteligentes e ousadas: palavra, imagens e
intervalos que se reconhecem e reinventam, que se dialogam e se calam.
reticênciasentreparêntese é uma obra
prima, um convite ao inusitado e ao atemporal
Mas...
antes
de qualquer coisa...
...melhor
mesmo é acender um cigarro, deixar que o desconexo das ideias tome forma,
direção e sonoridade. Deixar tudo se assentar. Porque mais importante que a
ação é a direção, mesmo que seja em direção ao vazio, um vazio não tão vazio,
um vazio que guarda um pequeno universo nas reticênciasentreparêntese.
***
(...)
vazios volúveis
ocupam-se de seu ofício:
(...)
gestos tensionam coisas
quais, nem sempre, existem
(...)
e a vida é sonho:
viver, um ato egoísta
sobreviver, uma lei genética
(...)
vazios volúveis
ocupam-se de seu ofício:
(...)
gestos tensionam coisas
quais, nem sempre, existem
(...)
e a vida é sonho:
viver, um ato egoísta
sobreviver, uma lei genética
***
(Leonardo MAthias)
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