Quem é o amante, quem o amador ?
Eu me divido no que é indivisível.
Oponho o branco opaco ao branco níveo
como se preto-e-branco contra a cor.
Até no meu amor por ti contrasto,
tu feia em coisa alguma, eu nada belo;
ora te beijo ardente, ora sou casto,
ora sou só ciumento, ora um Othelo.
Tu vês, eu me critico e sou poeta,
Como se fosse coisa diferente
Plantar o cedro e reduzi-lo a toco.
Barroco sou, barroco vou, barroco
Fico porque é o estilo do demente,
Daquele que despreza a linha reta.
Mas se o universo é curvo e tem idade,
Encontramos verdade no que é turvo.
(Paulo Seben)
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