Não sei bem o que me acontece.
Talvez porque a vida daqui é diferente da
Capital... porque aqui o silêncio tem um compasso maior, porque tudo se demora
um pouco mais, sem aquela pressa faminta ou aquelas luzes loucas. Talvez o
tempo daqui caminhe em um quadrante diferente. Aí me obrigo a me refazer, a
respirar...
Aí acho minutos que julgava inexistentes e
simplesmente me deixo observar.
Aqui é tudo tão pequeno, mas tão cheio de
verde e céu azul, tudo tão mais “ei, olha que lindo aquele mimo-de-vênus”. Só
que apesar de o tempo se demorar mais, as pessoas continuam com pressa. Ficam
olhando só para si e alimentando imagens e identidades que não existem e não
são.
O gesto das pessoas, os olhos das pessoas,
tudo transpira uma sede de ter. “Onde fica o ser nisso tudo?”, pergunto.
Será que essas pessoas não percebem que
correm em círculos e que fazem a vida se resumir em dormir, acordar e acumular.
Acumular dinheiro, segurança, status.
Nunca ouvi alguém falar na busca interior e
poucos parecem conhecer a sabedoria ancestral ou prestam atenção a sabedoria do
viver. Tudo é tão mecanicista!
A beleza não passa de uma máscara maquiada.
Ninguém parou para celebrar a própria beleza, o que se é...
Essa gente nunca se pergunta a razão de
viver?
Nunca se pergunta sobre o depois ou o que
realmente se é?
Tudo se resume em matéria que apodrece e
vira pó. Até os santos não passam de estátuas e a fé é mais uma forma de
escape: “deixa que Deus resolva! Foi Deus quem quis assim”.
Eu me assusto com esse vazio...
Na Capital tudo isso também existe. Só que
falta silêncio para perceber essa realidade.
A vida não passa só lá fora, ela pulsa aqui
dentro.
Quem não conhece a si mesmo, não reconhece o
outro.
Não é filosofia de livros, mas a filosofia
própria que surge a cada vez que fechamos olhos para o mundo externo e abrimos
para o interno.
É tanta gente que escolhe se acorrentar a
padrões.
Fico assustada...
Mas isso deve fazer parte de um fluxo
maior... cada qual no seu lugar e caminhada.
No fim, sou grata a essas pessoas que me
fazem perceber que a fronteira de si mesmo é muito tênue com a de
imagens-desejo.
Certo, certo... paro por aqui. É muito
filosofismo e divagações.
No fim, é melhor viver e por hoje chega de
escrita.
(Michelle C. Buss)
.
Boas reflexões. Acho que o ritmo em que vivemos hoje sufoca a nossa profundidade.
ResponderExcluirDeu saudade do tempo que era mais introspectivo.Lendo teu texto percebi a falta.
Obrigado .
Obrigada você! As vezes essa coletividade em demasia sufoca mesmo, acho que o segredo é saber equilibrar as coisas... e aí que está o desafio.
ExcluirDescrição bem esclarecedora de uma realidade!
ResponderExcluirObrigada, Vinícius! Abraço
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