terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Michelle C. Buss - Sarau Entreverbo #14

Leitura de um poema meu no sarau da Entreverbo Revista #14.




Meu corpo se abre em flor
quando respiro você.
Minha pele palpita a sua
tão perto, mistério...
Desperto em desejo
Desejo
Violeta, carmim e tempestades
azuis.
Esse você tão mim...
Jasmim, rosa, girassol. Não.
Tulipa vermelha que murmura.
Teu nome no meu corpo,
poema carnal.

Michelle C. Buss



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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

: O vazio não é tão vazio assim. Há um intervalo de vazio no próprio vazio


(...) como um eco no vazio que não se esvai... Uma história que é tramada mas que não se pode ter clareza dos fatos, do ritmo e do rumo. Há somente um ruído, uma nuance de matiz que não se apaga, que se mantém acesa durante o curso do dia, não se dilui, vira memória. reticênciasentreparênteses é uma obra que provoca, que inspira, que nos joga em um cenário tecido de palavras e figuras que dialogam, que se confundem, que se confrontam... O texto instiga para a imagem, a imagem instiga para se revelar. Há um suspense que paira no ar no intervalo entre a poesia e a voz, que paira entre alguma história e suas inquietudes.
Em reticênciasentreparêntese, o estado das coisas se torna duvidoso. Às vezes tudo parece tão estável, tão palpável, mas aí, de repente, a palavra se torna fluída, envolta em indagações (seria possível tocar o invisível? [...] Talvez.). O jogo de luz e sombra engana os olhos. A palavra pode ter em sua geometria a matéria, mas seu conteúdo é tantas vezes sombrio, suspenso em um infinito. Nada acaba e nada começa, porque tudo é uma continuação, uma constante...  ....entretanto, é uma constante que se transforma, se reinventa, se reconhece.
O cotidiano, as ruas, a eletricidade, o metal, as lâmpadas... o concreto se faz presente e se mistura às paisagens interiores: as indagações, a ansiedade, passagens de tempo, repetições, esperanças. Leonardo MAthias nos transporta para esse espaço através das suas construções inteligentes e ousadas: palavra, imagens e intervalos que se reconhecem e reinventam, que se dialogam e se calam.
reticênciasentreparêntese é uma obra prima, um convite ao inusitado e ao atemporal
Mas...
antes de qualquer coisa...
...melhor mesmo é acender um cigarro, deixar que o desconexo das ideias tome forma, direção e sonoridade. Deixar tudo se assentar. Porque mais importante que a ação é a direção, mesmo que seja em direção ao vazio, um vazio não tão vazio, um vazio que guarda um pequeno universo nas reticênciasentreparêntese.


***
(...)
vazios volúveis
ocupam-se de seu ofício:

(...)
gestos tensionam coisas
quais, nem sempre, existem

(...)
e a vida é sonho:
viver, um ato egoísta
sobreviver, uma lei genética
***
(Leonardo MAthias)



Para saber mais sobre o autor e o livro reticênciasentreparêntese, acesse:

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