terça-feira, 5 de julho de 2011

Barroquismo

Quem é o amante, quem o amador ?
Eu me divido no que é indivisível.
Oponho o branco opaco ao branco níveo
como se preto-e-branco contra a cor.

Até no meu amor por ti contrasto,
tu feia em coisa alguma, eu nada belo;
ora te beijo ardente, ora sou casto,
ora sou só ciumento, ora um Othelo.

Tu vês, eu me critico e sou poeta,
Como se fosse coisa diferente
Plantar o cedro e reduzi-lo a toco.

Barroco sou, barroco vou, barroco
Fico porque é o estilo do demente,
Daquele que despreza a linha reta.

Mas se o universo é curvo e tem idade,
Encontramos verdade no que é turvo.


(Paulo Seben)



Nenhum comentário:

Postar um comentário