sexta-feira, 29 de junho de 2012

Contos da Chuva e da Lua


Contos da Chuva e da Lua (Ugetsumonogatari), ou Contos da Lua Vaga, ou ainda, Tales of Moonlight and Rain, é um livro do escritor japonês, Ueda Akinari. Essa obra é formada de nove pequenas histórias de teor fantástico, divididas em cinco tomos.
Contos da Chuva e da Lua foi escrito em 1768 (mas não publicados antes de 1776), momento em que o Japão vivia na ditadura feudal do xogunato dos Tokugawa. Esse período, é marcado por intensas opressões e reformulações políticas e econômicas, como a adesão ao mercantilismo, promovendo assim a ascensão das atividades comercias.  Nessa mesma época surge os chamados poetas-escritores, possuidores de polimento político intelectual, dotados de espírito crítico e com aptidões pelas artes em geral, sendo chamados de Bunjin, nome dado na antiguidade chinesa aos seus poetas-escritores intelectuais.
Ueda Akinari, imerso nesse universo, dotado de sensibilidade e talento literário, desenvolve inúmeras obras. Sua produção literária é marcada pelo fantástico, regado a valores moralistas.
Em Contos da Chuva e da Lua, Akinari nos transporta para um mundo em que o onírico e o real não se separam. Numa atmosfera de terror, sonho, repleta de elementos shintoistas,  de filosofia budista e mitologia japonesa, o leitor transita por exóticas paisagens, vive intrigantes situações, mergulha em uma outra cultura.


Primeiro tomo: Shiramine (Shiramine); Pacto do crisântemo (Kikukano chigiri).
Segundo tomo: Morada das sarças (Asajiga Yado); As carpas do sonho (Muôno rigyo).
Terceiro tomo: Buppôsô (Buppôsô); O caldeirão de Kibitsu (Kibitsuno kama).
Quarto tomo: A volúpia da serpente.
Quinto tomo: O capelo índigo (Aozukin);  O espírito do dinheiro (Hinfukuron).


Em 1953, Contos da Chuva e da Lua ganha sua versão cinematográfica, uma da leitura particular e estilizada do diretor, Kenji Mizoguchi.
Pactos de amizade e lealdade, seres demoníacos, perseguições fantasmagóricas, traições, adultério, transfiguração, volúpia e desejo; tudo isso em Contos da Chuva e da Lua.
Livro mais que recomendado, é uma leitura instigante, uma aventura em uma dimensão distinta e sobrenatural.


"A certa altura, Akinari faz referência à lua, como um círculo de gelo e símbolo de solidão, a que o homem está sujeito. De outro lado, a chuva, com a mesma constituição material do gelo, representa a face do homem, moldada pelo karma, e que, a exemplo da chuva, a figura do ser humano labutando, amenizando e recriando seu espaço. Polarizado entre a chuva e a lua, o homem de Akinari apresenta suas nove facetas, enquanto homem social, lírico, intelectual, dentro do seu momento histórico.” 

(Geny Wakisaka)


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