quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Attila József



Foi um poeta húngaro que nasceu em 11 de abril de 1905, em Budapeste, Hungria, e morreu em 3 de dezembro de 1937, em Balatonszárszó.
Filho de mãe lavadeira e pai operário da indústria de sabões, Jószef publicou pela primeira vez seus poemas quando tinha apenas dezessete anos.
Tendo adotado o marxismo como ideologia (inclusive filiando-se ao Partido Comunista) em sua poesia retrata com intimidade a vida do proletariado. A luta pela justiça social foi extremamente marcante em sua vida e obra. Ao mesmo tempo – como não podia deixar de ser, pela proximidade com que viveu com a solidão e a miséria – seus versos são marcados por uma densa melancolia.
Imerso em profunda depressão e atormentado pela esquizofrenia, Attila Jószef se atirou sob um trem de carga aos 32 anos de idade, deixando uma obra brilhante e original, ainda pouco difundida no Brasil.
Segue a tradução de dois dos seus poemas:

DIZEM (trad. Egito Gonçalves)

Quando nasci tinha uma faca na mão.
Dizem: é poesia.
Mas peguei na pena, melhor ainda que a faca.
Nasci para ser homem.


Alguém soluça uma felicidade apaixonada.
Dizem: é amor.
Chama-se ao teu seio, simplicidade das lágrimas!
Só contigo eu brinco.


Não recordo nada e também nada esqueço.
Dizem: como é possível?
O que deixo cair mantém-se sobre a terra.
Se o não encontro, tu o encontrarás.


A terra me aprisiona, o mar me dilacera.
Dizem: um dia morrerás.
Mas dizem-se tantas coisas a um homem
que nem sequer respondo.

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CORAÇÃO LEVE (trad. Nelson Ascher)

Não tenho pai nem mãe
nem deus nem pátria-amada
nem berço nem caixão
nem beijo ou namorada.

Há três dias não como
nem muito ou mesmo pouco.
Meus vinte anos são tudo;
meus vinte vendo ou troco.

Caso ninguém os queira,
o diabo que os arrende.
meu coração nem pesa
se roubo ou mato gente.

Sou preso, executado,
no chão santo acolhido
e erva letal recobre
meu coração garrido.




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