quinta-feira, 22 de julho de 2010

Lareira

A garrafa é um ventre de mãe
à luz da lareira que é também um Sol.
Tu, um sonho que flui e toda noite é novo.

Ah, fogos belos, fátuos e verdes
da madeira assoviando um belo som exato.
Quem me dera falassem,
me apontassem o caminho.

A lenha é dos Ipês
que vi meu avô plantar, do ar.
Do tempo que, ainda criança,
eu voava pelo pátio.


Mas, por ter perdido de entrar,
hoje sou uma chave
que perdeu sua porta.


Não fosse ela feita de Sonho,
material difícil de lidar,
talvez queimar pudesse
no universo solar da lareira.


Da garrafa ao outro lado,
as chamas, uma a uma,
ascendem do vinho luzes
de brilhar nos olhares


E renunciando ao dia,
sibila a pupila
nas pálpebras fechadas


Buscando num sonho
portas queimadas,
amores perdidos,
garrafas quebradas.
 
 
(Alberto Ritter Tusi)

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