terça-feira, 3 de outubro de 2017

Paixão é uma reação química que desestrutura todas as geometrias internas. A pele reage ao menor toque do olhar e a lembrança é uma centelha de fogo que principia em incêndio.
Todos os sentidos se desfazem e então novos se constroem, é fênix com outras penas, outra cor.
Mente em ebulição...
Paixão é uma substância que queima e faz o espírito entrar em combustão.
A respiração acelera, a pupila se dilata, a garganta sente sede, o corpo oscila entre um dia calmo de outono e a efervescência de uma tarde primaveril.
O peito geme, sorri bobo e teme o abandono.
Energia ascendente que se enrola na alma e vibra em laranja, rubi e dourado.
Paixão é um oriente de mistérios.
A ansiedade que inquieta as horas.
E ninguém pode entende-la porque ela foi feita para apenas ser sentida.
Atração magnética de um abraço.
O verbo que silencia nos lábios e rompe no olhar...
A sintonia de corpos, a descoberta de almas.
Paixão sozinha castiga porque é sedenta e prefere dois.
Dois que então se funde em um: alquimia.
Paixão é uma noite que respira sândalos e canta cantigas de fogo.
Não dorme, quer mais.
Paixão é o pulso e o impulso, o sublime que se abstrai em sussurro.
Paixão quando a dois é água que jorra em fontes de ouro. Jardim grego que abriga a conjunção de Eros e Psique.
É a canção mais doce, constelação de poemas que constelam vidas e versejam anseios.
É o tudo que se conflui ao nada e vira tudo outra vez
Paixão. Passione. Passion. Pasion. Passionis.
A língua de fogo na boca dos homens.



(Michelle C. Buss. Poema presente no livro Mosaicos, p. 26-27)



.
Evoé
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário