quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Confins de Borges

Então, já que meus amigos e artistas Reiffer e Alberto Ritter elegeram hoje o dia de enaltecer aquele que foi um grande escritor, Jorge Luis Borges, aqui, também faço minha homenagem.


Natural de Buenos Aires, Argentina, Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo (Buenos Aires, 24 de Agosto de 1899 — Genebra, 14 de Junho de 1986), foi um escritor, poeta, tradutor, crítico e ensaísta.
Em 1921, Borges começou a publicar seus poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas. Um talento nato e sem igual, seus trabalhos tiveram repercurssão mundial, foram traduzidos e publicados em mais de vinte e cinco idiomas, sendo extensamente no Estados Unidos e Europa. Borges era fluente em várias línguas.
Em suas obras, a filosofia, a metafísica, a teologia, a mitologia e também a cultura dos Pampas argentinos são profundamente trabalhadas, são os cenários, temáticas que permeiam seus escritos. Algumas de suas influências são: Dante Alighieri, Franz Kafka, C. S. Lewis, G. K. Chesterton...

Abaixo um dos poemas de sua extensa e intensa obra:


Cosmogonia

Nem treva nem caos. A treva
Requer olhos que veem, como o som.
E o silêncio requer o ouvido,
O espelho, a forma que o povoa.
Nem o espaço nem o tempo. Nem sequer
Uma divindade que premedita
O silêncio anterior à primeira
Noite do tempo, que será infinita.
O grande rio de Heráclito o Escuro
Seu irrevogável curso não há empreendido,
Que do passado flui para o futuro,
Que do esquecimento flui para o esquecimento.
Algo que já padece. Algo que implora.
Depois a história universal. Agora.

(Tradução de Héctor Zanetti)


Não poderia deixar de acrescentar aqui a canção "No Universo de Borges" . Sendo o poema de autoria de Vaine Darde, música de Lenin Nuñes e interpretação Chico Saratt. "No Universo de Borges" foi uma das vencedoras da 17ª Moenda da Canção de Santo Antônio da Patrulha/RS, uma homenagem aquele que foi e que é um ícone na literatura do mundo inteiro.

NO UNIVERSO DE BORGES

Em todo espelho me vejo
Um labirinto de Borges
Quando me encontro e me perco
No que me prende e me foge
Porque nao olho pra dentro
Igual ao olhos de Borges

Meu canto escorre pra fora
Numa ampulheta quebrada
Apenas canta o que chora
Ferido na propria espada
Vendo o ciclo da espora
Na pampa desconsolada

Pois nos porões da memoria
Por não ter chave, não entro
Meus olhos de olhar pra fora
Não sabem olhar pra dentro

A face que me revela
Na face lisa do vidro
Me faz prisioneiro dela
Num estranho refletido
O mundo externo é uma cela
Onde me encontro detido

Eu vivo fora de mim
E cada verso que foge
Se perde pelos confins
Nas setas do meu alforge

Eu sou o inverso de mim
No universo de Borges 


Abaixo o vídeo ao vivo de "No Universo de Borges". É uma pena que a qualidade desse vídeo não é das melhores, impossibilitando assim de apreciar na íntegra essa bela canção.


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