sábado, 27 de novembro de 2010

CAMINHADA

Foi quando decidi quebrar os desígnios tempo,
Sua ordem, seus fluidos, sua cadência,
Que vi o sutil das auroras reverberando em minha alma.
O perfume dos gerânios, os segredos das peônias,
A suavidade das lavandas, os delírios dos narcisos,
Purificando, incensando as trilhas que levam ao sol.
E eu, filho da Luz, destemido, com um sorriso no rosto,
Cortei com a lâmina dos astros as fúnebres cortinas do caos.
Deixei para traz, enfrascadas, na caixa de Pandora,
Minhas incertezas, minhas mágoas, as sombras de mim…
Segui…
Passo por passo, sem olhar para trás…
Bebi dos poços da lua,
Sorvi seus mistérios gole por gole…
E então, pude ver que não eram apenas
As luzes das estrelas e do luar que povoavam a roda celeste.
Segui…
Sem desejar voltar, sem sentir saudades…
Ouvi as vozes do Vento,
Que sussurravam em meus ouvidos
As canções dos Anjos…
Misturei-me, ao imaculado da Água
Que lavava meus cansaços…
Compreendi os signos da Terra,
Contemplei sua face de Mãe…
Ao som dos tambores de timbres Ígneos,
Dancei livre, sem ritmo,
Apenas aos compassos do coração,
No círculo de fogueiras fátuas.
Segui…
E segui…
Sem dar importância aos ruídos loucos
Que desejavam minha volta.
Eu filho da Luz,
Deixei do mundo
Para buscar entre as constelações
O que outrora me escapou pelas mãos:
Minha alma.


 
(Michelle C. Buss)
 
 
Para mais poemas --  http://eadrom.wordpress.com/


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Um comentário:

  1. Belíssimo poema, de colorido estético e profundidade expressiva. Parabéns!

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