terça-feira, 24 de maio de 2011

Desalento


  a Augusto dos Anjos, grande poeta brasileiro

Vês? Ninguém notou meu amor morrer.
Cercado por cadáveres ferozes
Tristes zumbis contentes - meus algozes
Tornei-me escravo pra não mais sofrer.

Acostumei-me aos becos encardidos.
Sussurrando elegias e lamentos
Comi cachorros-quentes suculentos
Vendo pombos e cães apodrecidos.

Sorva só mais um gole esquece os medos.
O trabalho acabou com os meus dedos
Perdoai por eu não cumprimentar.

Segui Júpiter depois; nasceu a aurora.
Bocageana, minha alma frágil chora
Inundando de amor todo este bar.

(Alexandre Kuciak)

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Um comentário:

  1. Olha só que interessante. Augusto, cultura japonesa e poesia em geral tudo junto? É das minhas. Agradeço pela visita. E que interessante... eu vi que tem "o ilusionista" no seu perfil. E tipo, eu acabei de ver o filme.

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