quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Princesa Tecelã e o Pastor dos Rebanhos



Criada há 4 mil anos e inspiradas nas estrelas Vega (Orihime)  e Altaria (Altair), a lenda conta a história do amor eterno da Princesa Tecelã e do Pastor de Rebanhos.

"Era uma vez, uma única vez na história,no tempo da formação do Universo.O Soberano Celestial(Ten no Ô) ainda estava atarefado em confeccionar estrelas e dependurá-las no firmamento,para brilhar durante a noite.Também as nuvens ainda estavam sendo tecidas e,esta tarefa cabia a bela filha do Soberano Celestial,a princesa Tanabata Tsume.Ela sabia como ninguém,fazer as mais tênues tramas de tecido e justamente por isso,era conhecida como Orihime,a princesa tecelã.
Dia após dia,ela trabalhava sem parar em seu teas.Dele saiam tecidos tão leves e diáfanos,tão finos e maleáveis,que seu pai os pendurava no céu entre as estrelas,por vezes deixando-os cair em pregas até quase tocarem a Terra.Hoje damos a estes tecidos o nome de nuvem,névoa e cortina de nevoeiro,conforme a densidade.
Inteiramente absorvido pela tarefa de formar o céu,o Soberano Celestial orgulhava-se muito da habilidade da filha e a ajuda de Orihime era muito valiosa.Porém um dia,ele percebeu que a Princesa Tecelã estava pálida.E disse:
_ Filha,tens trabalhado tanto que bem mereces um pouco de descanso.Hoje está dispensada de tecer,e pode folgar o dia inteiro.Aproveite para visitar o Amanogawa.Mas não se esqueça de voltar ao trabalho amanhã,pois ainda necessito de delicadas cortinas de nevoriro para as manhãs de primavera,e porção de nuvens brancas para o verão.
Orihimi sentiu-se muito feliz.Há muito tempo desejava caminhar descalça em Amanogawa - o rio celeste,conhecido no sul da margem oposta(brasil) como Via Láctea, e divertiu-se despreocupadamente.Mas até então não lhe sobrava tempo para isso.
A Princesa Tecelã,vestiu seu mais belo kimonoe, correu dançando por entre as estelas do Rio Celeste.No meio da Via Láctea avistou,no meio da correnteza estrelar,um belo jovem com chapéu de caipira,banhando um boi.
-Quem é você,ó bela donzela? -Perguntou o jovem vaqueiro.
- Sou a estrela Tanabata Tsume,filha de Ten o Ô,o Soberano Celestial,mas me chama de Orihime,a Princesa Tecelã,respondeu ela.Também sou conhecida no Hemisfério Sul da Via Láctea com o nome de estrela Vegas.
_ Meu nome estrelar é Altair,o vaqueiro,mas no Extremo Oriente da Via Láctea me chamam de Hikoboshi - se apresentou o pastor de gado.
Daquele encontro casual começou a brotar um sentimento de felicidade,nunca antes sentido por Orihime. Os jovens se divertiram muito,brincando de pega-pega,rindo e correndo no Rio Celeste.Depois a convite do Vaqueiro,Orihime concordou em visitar a casa dele.
Hikoboshi ajudou a princesa montar no boi, e conduziu-a através da Via Láctea em direção ao Hemisfério Sul,seu lar. Lá chegando,se divertiram muito,dançando juntos no prato celeste.Tamanha era a felicidade da princesa que esqueceu completamente as recomendações do pai, e os dias se passaram.
Preocupado com a demora da filha,o Soberano Celestial ficou desesperado.Chamou uma garça e mandou fazer uma busca ,encarregando-a de dizer a princesa que voltasse o mais depressa possível ao Palácio Celeste.A garça avistou a princesa dançando na margem oposta da Via Láctea,e deu-lhe o recado.Porém,Orihime,estava tão feliz,divertindo-se como nunca que não deu ouvidos ao pássaro mensageiro.
Cansado de esperar e muito zangado pela desobediência da filha,o Soberano Celeste foi buscá-la pessoalmente:
_Não destes ouvidos as minhas palavras!- disse o deus do espaço celeste - olha o céu!Ainda falta muito trabalho a ser feito,e ficas aí com namoricos,quando precisamos de nuvens,névoas e cortinas de nevoeiro.Portanto,não poderei mais dispensá-la do trabalho.Tens que voltar ao palácio e continuar a tecer.
E o Soberano Celeste despejou grande volume de água estrelar no Rio Celeste.Então a Via Láctea que era um lago porém raso que se podia atravessar a pé,foi transformado em um rio caudaloso,tantas eram as águas de estrelas que a divinddade celeste havia despejado.
Como a princesa Tanabata e o vaqueiro Altair moravam em margens opostas do Rio Celeste,ou seja, hemisférios opostos da Via Láctea,não havia meio de se encontrarem mesmo às escondidas.Portanto a princesa voltou melancolicamente junto ao tear no Palácio celestePorém,sentia-se tão solitária, e com tanta saudade de Altair,que não conseguia mais tecer.Ficava apenas sentada e chorando incessantemente.Ela havia descoberto que era mais feliz no pobre casebre rural do vaqueiro do que no suntuoso palácio de seu divino pai.
No hemisfério sul,a estrela Vaqueiro Altair,também morria de saudades e passava o dia tocando a sua sanfona e cantando:
Olé,mulher rendeira,Olé,mulher rendá...Tu me ensina a fazer renda,que eu te ensino a namorar...
O vento levava a canção até ao Palácio Celeste,que aumentava a saudade da princesa.De tanto chorar,as nuvens que restavam no céu,desmancharam em forma de lágrimas e depencaram na terra em forma de chuva,
O Soberano Celestial ficou desesperado porque com o volume de chuva caindo,iniciaram-se as inundações na Terra,enquanto que no céu as nuvens foram desaparecendo.Então ele procurou afilha e disse:
_Por favor,minha princesinha,pare de chorar.Necessitamos tanto de nuvens,névoa e cortinas de nevoeiro para manter o equilíbrio da natureza.Por outro lado, se você continuar chorando vai causar um dilúvio universal,e não restará um só vivente na terra para contar a história.Vamos fazer um acordo e acabar com essa greve.Você volta a tecer com diligência e eu te concedo um dia livre por ano para ver o vaqueiro celeste.
Tais palavras devolveram a alegria à princesa,e ela retornou com entusiasmo ao trabalho.E desde então nunca mais parou de tecer.
Mesmo sabendo que no futuro a princesa poderia requerer mais dias de folga,o Soberano Celeste cumpriu fielmente sua promessa.Uma vez por ano,na semana dos imigrantes japoneses,ele envia mil garças(senba tsuru) para o rio Celeste.Com suas asas,elas formam uma ponte sobre as águas estrelares profundas.
Trajando um rico kimono,Orihime atravessa a ponte das Mil Garças e corre alegremente para a margem oposta ao encontro do seu amor Altair,o fiel vaqueiro,que a aguarda ansiosamente.
Ambos se sentem radiantes por poderem ficar juntos durante um dia e uma noite.Dizem que um dia estrelar equivale a uma eternidade terrestre.Por isso o amor dos dois é eterno....."

(Texto de Cláudio Seto, retirado do blog Retalhos)


Inspirado nessa história de amor é que surgiu Tanabata Matsuri ou Festival das Estrelas, comemorado pelos japoneses no sétimo dia do mês sete. Tal celebração teve início na Côrte Imperial do Japão cerca de 1.500 anos e em 1603 converteu-se em feriado nacional. Neste dia festejam o encontro anual da Princesa Tecelã e do Pastor de Rebanhos.
O significado do dia sete no mês sete vem dos costumes Okinawa (província mais ao Sul do Japão) que, assim como a Cultura Maia, consideram a existência de uma relação entre a Lua e o Sol e observam a diferença de um dia entre estes dois calendários:
- A Lua gira em torna da Terra a cada ano 13 vezes em um ciclo de 28 dias, completando um ciclo anual de 364 dias, que dividindo por sete é igual a 52 semanas.
- A Terra gira em torno do Sol num ciclo que se completa em aproximadamente 365 dias.
- A diferena entre estes ciclos do Sol (365 dias) e da Lua (364 dias) corresponde a 1 dia 'neutro'. Dessa forma, o ano teria 52 semanas mais um dia 'branco', ou seja, o Tanabata, sétimo dia do mês sete do calendário lunar!
Abaixo uma canção folclórica do Tanabata ensinada para as crianças:

 As folhas do bambu, murmuram, murmuram,
   balançam as pontas.
   As estrelas brilham, brilham,
   grãos de areia de ouro e prata.
 
 
 
Fontes:
http://lostinjapan.portalnippon.com/2011/07/lenda-do-tanabata-o-festival-das.html
http://aoikuwan.com/2011/07/04/a-princesa-tecela-e-o-pastor-dos-rebanhos/
http://lahainas.blogspot.com/2009/11/tanabata-princesa-tecela.html
 
(Imagens retiradas do site Google)  



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